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28 janeiro 2016

Fim...

É rápido, apressado, ágil e frágil. Essa coisa de morrer atormenta minhas ideias  e na intensidade de tudo que sinto, vejo passar por mim essa brevidade que chamo de vida. Um dia aqui e no outro sabe-se lá onde. Inertes, nos despedimos de tudo aquilo que fomos, fizemos e sentimos. E então, analiso que tantas coisas pelas quais me queixo deixa de fazer sentido. Partimos dessa pra melhor (melhor?) nos afastando de todos a quem amamos. Cada qual a seu lado, vida e morte. Nada mais poderá ser feito. 
Fatalidades dolorosas. Não adianta gritar, espernear, chorar, sofrer. O tempo se esgota. Nada mais poderá ser compartilhado. 
Repenso assim algumas atitudes, algumas palavras proferidas sem pensar, as que foram ditas e pensadas demais (sim, porque algumas pensei demais, tardeou...) e observo alguns arrependimentos e outros tantos alívios. Percebo que fiz tudo que pude, o que foi possível ser feito nessa ânsia de não deixar escapar mais nada.
Nas cenas dos próximos capítulos, continuarei seguindo as ordens do meu coração. Ele que manda em tudo mesmo.
Não faço a menor ideia de quanto tempo ainda me resta, pode ser hoje, amanhã ou daqui 20 ou 30 anos, sei lá, mas vou seguir sentindo demais, falando demais, amando demais, tudo exageradamente eu. Afinal, o que tenho a  perder? Só a glória de poder respirar, abrir os olhos e existir. É tudo tão rápido que não dá para sentir devagar. Tenho pressa de viver.
Sou finita. Então tento deixar essa história um pouco mais bonita.
E fim.

24 janeiro 2016

O sabor das palavras

Sempre fui defensora da leitura como uma forma indispensável de adquirir conhecimento, cultura, além de uma forma despretensiosa de entretenimento. Fiz das palavras que me rodeavam minhas companheiras e os livros foram sim, personagens insubstituíveis.
O que muitas pessoas pensam é que para tornar-se um leitor de fato seria necessário devorar diversos livros ao ano, lendo compulsivamente e sem parar. Fui encaminhada ao mundo das letras desde menina e aprendi desde cedo que, assim como nos filmes, os gêneros literários eram diversos e eu tinha o privilégio de escolher aquilo que me agradava, sem ser obrigada a ler nada que não gostasse. Experimento e se não for do meu agrado, paro, ou ele me ganha e vou até o fim. Simples assim.
Não contabilizo quantos livros leio ao ano, compro os que mais agradam, acompanho algumas leituras pela internet e mantenho o foco apenas em alguns autores de quem mais admiro. Por isso, acabo conhecendo algumas características deles e reconhecendo algumas de suas particularidades. Leio o que gosto, o que quero, na hora que posso e no ritmo que eu preferir.
Se estou com pouco tempo, paradinhas nas crônicas da Martha Medeiros, se estou sentimental mergulho nos poemas, se preciso de uma informação precisa navego na internet, se tenho tempo me perco nos romances. Enfim, faço da leitura um hábito diário sem que para isso seja necessário nenhuma forma de pressão. E assim aprendi a gostar da literatura. Está aqui minha modesta estante para provar isso.
Gostar de ler é tão fácil como acompanhar uma novela e incentivar o hábito nas crianças é uma ótima estratégia. Despertar paixões começa com as primeiras experiências de vida e como se sabe, paixões nos perseguem.
Assim como precisamos provar o sabor dos alimentos, é preciso experimentar as palavras. Leia. Jornais, revistas ou livros. Poesia, crônicas ou piadas. Mas leia. Apaixone-se pelas palavras. Há um mundo novo em cada experiência de leitura que tiver e isso só descobre quem quer.

20 janeiro 2016

Se não fosse assim, não seria eu...


Estou aqui ouvindo mil vezes a mesma música da Clarice Falcão (Capitão Gancho). Ela é curtinha, tem menos de dois minutos, e nela a cantora narra pequenas, mas relevantes situações que fizeram parte de sua infância e contribuíram para que ela se tornasse o que é. Então, fico eu aqui refletindo mais um pouco sobre a existência, sobre essas malas cheias de memórias e lembranças que também me trouxeram até aqui. E são tantas.
O que haveria de tão importante nesse amontoado de recordações, que foram imprescindíveis para refletir no espelho da minha história aquilo que realmente sou. E quão surpresa eu fico em perceber que cabe tanto dentro desse  baú.
Eu e essa mania de lembrar-me de tudo como um gravador. Mas como diz Clarice, se não fosse assim, não seria eu.  A última filha de uma família de oito irmãos, com tantas mãos e olhos, cheias de cuidados e mimos que só uma caçula pode dizer. Proteção, carinho e zelo.
Quando menina, ia sempre viajar com minha mãe para Jacareí, onde moravam meus avós. A viagem começava com a minha carinha colada na janela do ônibus. Via aquela paisagem, montanhas, céus multicoloridos e bois pastando pela estrada. Parecia mesmo que estava hipnotizada diante da magnitude daquela beleza verde que nos acompanhava. Na rodoviária, uma parada para o lanche e a vitamina que mamãe fazia questão de tomar: banana e maçã (sem casca, por favor) com leite.
Nas ruas, eu corria e pulava contra o vento, que parecia ter combinado comigo que estaria ali, naquela mesma rua e na mesma hora. Como eu gostava de senti-lo bagunçando tudo em mim.
O caminho secreto que nos levava seguia a linha do trem e por eles podíamos caminhar, pulando as tábuas, brincando com a distância. Tudo isso tornava o caminho bem menor do que realmente era.
A casa de meu avô era mesmo um incrível castelo de sonhos. O cheiro do cigarro de palha deixava o ambiente um pouco assustador e vovô Henrique com cara de mau.  Ele insistia em oferecer um colo que eu, chorosa  recusava, mas ele tinha um relógio de bolso incrível que acabava ganhando minha atenção. O bolo de vovó Lilia esperava quentinho para o café e os beijos carinhosos afastavam de mim o receio de estar ali.
No quintal, a escada nos levava para um porão encantado, onde montes de areia se transformavam em grandes montanhas, uma antiga árvore em uma floresta e a brincadeira com os primos em um conto mágico. Coisa de quem desde muito cedo tinha a imaginação fértil.
Da janela do quarto dos fundos, a festa era ouvir os apitos do trem que passava rente a casa fazendo com que meu coração vibrasse no mesmo ritmo.
Voltei à mesma casa nesse período de férias depois de tantos anos e que surpresa ao perceber que tudo parece menor do que realmente era aos meus olhos infantis. O ambiente diminuiu e a emoção aumentou em poder estar ali. Tudo parecia no mesmo lugar, exatamente onde moram minhas recordações.
Ainda gosto muito de ficar olhando pelo vidro do ônibus enquanto penso na vida, sou apaixonada por montanhas e adoro o vento bagunçando meu cabelo. Cheiro de café me alucina e me emociono quando vejo um vapor sair de um bolo quentinho. Crio histórias mágicas até hoje nessa cabecinha de vento e o cheiro de cigarro de palha ainda me incomoda, porém viajo nos relógios de bolso antigos.
Certa vez, no centro de Guaratinguetá, parei para ver o trem e não arredei o pé enquanto ele não terminou de passar. O som dele nos trilhos me paralisou e minha filha ficou olhando sem entender nada.
Pois é, tudo que há em mim são frutos dessas descobertas infantis. Tantas outras histórias, tantas memórias que fizeram ser quem sou. Clarice Falcão tem razão, se não fossem elas, não seria eu...

09 janeiro 2016

Somos tão jovens...



Quem dera pudéssemos ter o poder de voltar no tempo. Trazer de volta os incríveis momentos vividos. Momentos que fizeram parte dessa história a que chamamos de vida. Mas não dá para segurar os ponteiros desse relógio. O tempo, sempre ele, passa inevitavelmente para todos. Assistimos de camarote os anos pesando em nós.
Mas temos aliados especiais para superar isso: amigos e lembranças! Memórias de um tempo em que a juventude era nítida na pele. Juventude? Ainda somos tão jovens. Temos encravado na alma o entusiasmo e alegria desses anos dourados. O tempo nos levou tanta coisa, mas não conseguiu tirar de nós essa felicidade.
Foi com esse entusiasmo que meu cunhado e amigo Ary, resolveu resgatar antigas amizades de nosso colégio “Américo Alves” através de um grupo nas redes sociais.  A alegria desse reencontro foi tamanha que se transformou nesse evento anual: “O reencontro os ex-alunos Américo Alves”.
Neste ano, no dia 26 de dezembro, aconteceu o 3º encontro consecutivo, onde um jantar dançante na Casa da Amizade, tivemos a oportunidade de rever os amigos, divertir-se, dar muita risada e dançar muito!
Com o clima nostálgico, os abraços cheio de saudades e com o repertório musical dos anos 70, 80 e 90, tivemos uma noite incrível. Uma ocasião perfeita para reviver as emoções de amizades verdadeiras, duradouras e inesquecíveis. Saudar os anos podendo relembrar o quanto ainda somos jovens para desfrutar o que a vida tem de melhor.
Que venha o 4º envento em 2016!!!