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27 outubro 2015

Sem dúvidas...

Durante a atividade foi preciso desenhar um coração. Ele levantou-se, veio até a minha mesa apavorado por não saber desenhar algo tão comum a todos:
-Tia, não sei desenhar um coração!
-Você sabe fazer o sinal de interrogação? Então, são dois deles, um de cada lado...
E assim ele o fez. Mas refleti sobre minha explicação: acho que o amor é isso, um amontoado de dúvidas e incertezas para todos os lados diante daquilo que é tão óbvio. Concluo: amo você! Risos...

24 outubro 2015

Nossa história: palavras!





E um belo dia, resolvo dar minha "cara à tapa". De repente, por motivos inesperados, coloco no papel uma ideia, um sentimento ou uma situação. Eu e essa mania de fazer diários. Tão de repente tudo aquilo que sou sai em voo livre e pousa no papel em forma de palavras. Já dizia Tom Waits: "escrever é caçar pássaros sem matá-los". Tudo se transforma num motivo para registrar e nos textos revelo aquilo que sou e a quem pertenço.
Há que se ter muita coragem para tamanha audácia. Revelar-se não é uma atitude fácil. Mas cresci cercada de histórias, me apaixonei por elas e todos os momentos vividos foram tão intensos que não couberam dentro de mim. Sentiram a necessidade de voar.
Sou aquela lembrança de um dia de chuva com barquinhos navegando ao meio fio, carinhosamente feito por papai para me ver feliz. Sou o afago carinhoso das mãos de mamãe, naquele dia em que tive medo de tomar injeção. Sou o olhar carinhoso de minha professora ao se despedir depois de um dia cansativo de aulas. Sou os momentos indescritíveis que vivi ao lado de meus irmãos naquela antiga casa de esquina. Sou aquele rosto corado e tímido depois de receber um poema de amor. Sou a alegria de ver gerar em mim as filhas que esperei tão ansiosamente. Sou as renúncias, os medos, as inseguranças e todos esses sentimentos que carreguei por tanto tempo no peito. Sou a persistência, os desejos, os planos e os sonhos que guardo no coração. Sou a coleção de histórias vividas, de emoções e buscas e escrever revela tudo aquilo que um dia habitou em mim.
Foi lendo os mais preciosos registros históricos que tive a vontade de também guardar, de alguma forma, todas os momentos que um dia fizeram parte da minha vida. Foi com as palavras, que tocaram profundamente meu ser, que resolvi também fazer memórias em meio as mazelas da vida. Fazer história da nossa história.
Por isso, sinto a necessidade de agradecer a essas pessoas que contribuem nessa minha caminhada literária, que permitem que toda essa sensibilidade se transforme em páginas do livro de minha vida.
Eu escrevo, ele escreve, nós escrevemos, eles escrevem. É a nossa história, aquela que tanto queria ter: nossas palavras! E que elas sejam sem fim...

17 outubro 2015

Impossível?





Li em uma postagem no Facebook uma frase que me levou a uma reflexão importante:
"O impossível é só uma questão de tempo".
Carregamos ao longo do tempo nossos mais profundos desejos. Em busca do tão realizado feito o tempo (sempre ele...) passa e preparamos estratégias a fim de realizá-los. Até aí, tudo bem! Quem não corre atrás dos sonhos morreu em plena vida e acredito que não tenha mesmo tantos motivos para sorrir.
Mas somos brasileiros, não desistimos nunca. Os desejos são teimosias do coração. Precisamos estar em busca sempre daquilo que nos faz feliz e para isso somos capazes de superar nossos próprios limites.
No entanto, há idealizações que não se cumprem, sonhos que não se realizam e desejos que não vivemos. Difícil mesmo é reconhecer isso. Já dizia uma amiga: “Aceita que dói menos.” Mas nossa persistência tem sempre a esperança de que, de uma forma ou de outra, iremos alcançar o tão esperado feito.
Meu intuito em estar escrevendo tudo isso é a gratidão que tenho pelo não realizável. Sim, gratidão. Soa estranho, mas pense bem: para atingir um sonho, idealização ou desejo, tomamos atitudes em nosso próprio benefício, fazemos sempre algo como uma estratégia altamente planejada para atingir aquilo que tanto queremos e com isso nos transformamos, aprimorando sempre.
Foi com o desafio de chegar lá que estudei, escolhi minha profissão, tomei gosto pela leitura, empenhei-me em passar num concurso público, aprendi a dirigir e troquei óculos por lentes de contato. Foi pensando em chegar que lá que comecei a escrever, aproveitei a oportunidade de publicar meus textos nesse jornal e agora escrevo meu livro.
Foi enfrentando tantos "nãos" e tantas críticas que me tornei independente no trabalho. Fiz valer as minhas vontades, tomei decisões pessoais sempre com o objetivo de me tornar uma pessoa melhor. E me tornei.
Foram com os sonhos, com as decepções, com as mais profundas amarguras e os mais intensos desejos não realizados que descobri a força que tenho dentro de mim e o quanto me basto para lidar com todos os meus sentimentos. Percebo as mudanças, as transformações positivas que cada situação ruim trouxe para minha vida.
Sou grata a essa tristeza, essa melancolia, essa solidão, esse medo, essa decepção, essa coisa chata. Muito obrigada! Foi com esses sentimentos frustrantes que descobri o quanto me amo. Descobri o quanto melhorei com o tempo. Descobri que sou mais forte do que penso e que a minha capacidade de suportar é bem maior do que pensei. Hoje olho no espelho e vejo um eu diferente. Sinto orgulho do que me tornei e todas as dores que senti só contribuíram para isso.
É, pensando bem, acho que concordo com a frase. O impossível é sim só uma questão de tempo. Ainda não cheguei lá, mas já fui além...

12 outubro 2015

Causos do meu avô: a Santa Aparecida






Na foto, da direita para à esquerda: Meu avô Benedito, meus tios: Joaquim, Luís, Serafim, Angelina e minha mãe Izabel. Atrás: Vó Maria com tia Terezinha no colo e minha tia avó Joaquina.


Fé e religiosidade era o que ele possuía de sobra. Todos os dias, levantava antes mesmo do sol raiar para mais um dia de trabalho. Com o café carinhosamente preparado pela esposa e com a marmita amarrada no pano de pratos ia para a labuta.
Rezava seu “pai nosso” e sua “ave maria” e enfrentava dia após dia, o sol no lombo ao capinar o terreno a fim de prepará-lo para o plantio. Trabalho difícil e pesado, mas Benedito não reclamava. Era com seu suor que pudera sustentar seus seis filhos e sua amada Maria.
Sua rotina seguia tranquila até que certo dia um acidente surpreendeu a ele e seus companheiros de lida. O fogo, inesperadamente se espalhou no matagal, deixando a todos rodeados pelas altas labaredas. Não haveria uma maneira segura de escapar do incêndio e o pânico tomou conta de todos que ali estavam.
Mas sua fé era mesmo inabalável. Em meio ao caos da situação clamou pela ajuda da Santa Aparecida a quem sempre, com sua prece costumeira, fazia seus pedidos que prontamente eram atendidos:
“Oh, minha Santa Aparecida! Pedimos com muita fé o seu socorro neste momento de desespero. Interceda por nós e livra-nos desse mal, mãe de Deus!”
O poder divino providenciou o socorro pedido. Nuvens carregadas foram se aproximando trazendo com elas o temporal. A forte chuva não só apagou o perigo, mas confirmou no coração de Benedito o grande poder de intercessão da rainha Padroeira do Brasil.
Graça alcançada com fé, agradecimento certeiro na terra santa. Benedito veio à Aparecida para que pudesse demonstrar toda sua gratidão. Acompanhado de seus filhos e esposa, registrou ao lado da matriz com ajuda de um fotógrafo lambe-lambe a graça recebida. Colocou fogo em um pequeno papel e o apagou com água que escorria de um velho guarda-chuva, a fim de simbolizar o terrível momento que viveu.
Viva Nossa Senhora Aparecida! Viva a rainha Padroeira do Brasil!
Santa Aparecida, rogai por nós!