Resolvi ler de novo um antigo livro da Martha Medeiros. Ela é
realmente genial em suas sacadas. Em uma de suas crônicas estava lá uma frase
que pra mim ficou bem marcada: “Muita gente se preocupa em ser magro, mas não
se preocupa em ser leve.” Nos últimos anos, perdi muito peso por conta da
diabetes, mas perdi também outro tipo de peso essencial: o peso existencial.
Passamos longos períodos de nossa vida, preocupando-se em
demasia com atitudes, sentimentos e conceitos carregando em nós um fardo que não
nos pertence. Damos importância a eles fazendo de nós um baú de mesquinharias.
Acredito que o tempo (ah... sempre ele!), nos faz avaliar
nossos conceitos, superando nossa estupidez diante de fatos isolados. Aprendi,
que nem tudo merece tanta atenção e que nosso olhar deve se direcionar para
aquilo que é simples, encantador, sublime. Como num jogo o tempo nos faz pular de
fase. Certas atitudes deixam de ser tão sérias e aquela mala que carregamos por
tanto tempo é abandonada no meio do caminho sem culpa nenhuma.
Existem pessoas que nem são tão grandes assim, mas carregam
em si toneladas. Essas pessoas são aquelas que vivem se queixando, que se sentem os donos da razão, fazem julgamentos desnecessários e
utilizam de rótulos e estereótipos para se referir a algo ou alguém. Pessoas que
de tão presas a convenções sociais, se veem diante de um dilema pessoal pelo
simples fato de cometerem um erro. Que se culpam e autocondenam, vendo seu
castelo ruir pelas próprias duvidas a que se impõem.
Levam consigo pedaços de chumbo. Pesam e pesam muito. E
ressentidos com tudo isso, se acham no direito de fazer piadinhas maldosas e
arrogantes somente com a finalidade de distribuir seu peso aos demais. Levam
tudo tão a sério que patrulham e censuram atitudes alheias, pois tem a
necessidade de carregar todos os problemas do mundo nas costas. São tão
minimalistas que não são capazes de observar as situações com leveza, sob pena
de serem levianos. Impedem-se de planar em voo para serem felizes. Uma gota é
o suficiente para que transborde seu copo de amarguras.
Ser leve é ser livre. Somos donos de nossas escolhas e de
nossos sentimentos. Ser leve é poder sentir. Ser leve é simplesmente voar pelos
dias convictos do que somos. E se houver um erro pelo caminho, que ele nos
sirva impulso. Os erros não nos condenam apenas nos fazem crescer. Que possamos
voar pelos dias mais leves, tendo consciência de que cada um de nós é dono de
nossas próprias decisões e que o amor vai além de qualquer rótulo e
imperfeição.
Abandone pesos desnecessários. Podemos ser pessoas sensatas e responsáveis,
mas agindo com bom humor, desenvoltura e respeito.
Sejamos leves. Somos breves.
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