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06 março 2016

Feridas


Somos feitos de invisíveis feridas expostas. Se alojam em nós. Convivemos com elas, levando-as a todos os lugares. Expostas, mas imperceptíveis a olho nu. Algumas de grandes proporções, outras amenas, além das que já cicatrizaram. 
Um corpo e suas marcas na alma. Todos temos. Mas é preciso continuar a viver mesmo com a ardência que elas provocam. Levamos nossos machucados pra passear, pra trabalhar, para fazer nossas obrigações. Levantamos da cama com elas queimando em nós e anestesiados, camuflamos a dor com um sorriso para estarmos prontos a quem precisam de nós, mesmo que feridos.
O remédio para tudo que sangra está no carinho e no amor que recebemos gratuitamente. Há os generosos que despretensiosamente oferecem a luz, o vento, o bálsamo que alivia os sintomas dessa inflamação que teima corroer nosso ser.
É preciso tempo. Combater nossas escaras com cuidado. E assim seguimos, na luta por um dia viver sem dor, apenas levando o alívio a outros corpos que sofrem do mesmo mal. Ser poesia em meio ao caos.

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