Números. Eles nos perseguem. Desde o nosso nascimento, saímos
da maternidade com vários deles nas costas. Temos a data de nascimento, o peso
e a altura. Logo começam as datas: dia de vacinas, do médico e a contagem dos
dias. O tempo passa um pouquinho e zapt! Já completamos logo o primeiro ano.
O tempo é o mais impiedoso das medidas, o calendário anda
junto conosco e algumas famílias insistem em anotar tudo direitinho (Eu, por
exemplo...risos). Tem o dia de tudo, a primeira vez de cada situação importante
que nos acontece.
Na escola, a professora tem o dever de nos ensinar a contar.
Conhecimento importante para que possamos exercer nossa cidadania com
plenitude. É preciso saber identificá-los em várias situações, fazer a leitura deles
em todos os ambientes. Calculamos nosso dinheiro, estipulamos metas para o ano
e corre! Os números nos aceleram, notas e prazos a todo momento. Temos que ser
rápidos e espertos.
Na juventude, vamos lá! Identificamos a importância da
balança para se ajustar as medidas padrões de uma sociedade visual. Estar fora
deles causa certa estranheza, parece que não somos desse mundo, não é? Alguns
números a mais ou a menos e pronto, está feita nossa desordem psíquica.
Datas para lembrar, chega seu aniversário. Passou dos 30, não
casou? Ah, que problema! Está casada, teve filhos: Oh! Está condenada! Os
padrões sociais estão sempre preocupados com a matemática da coisa. As medidas,
sejam elas quais forem, caminham conosco e nos vemos presos em convenções que
não nos pertencem. Ou nos pertencem até demais.
Como não sou de exatas, (sou de humanas...rs) prefiro
analisar os detalhes que acontecem em minha vida por outro ângulo. Um ano a
mais passou? Ganhei experiência. Faço anos com o mesmo entusiasmo de quem completa
18 aninhos. A roupa não me serve? Compro um número maior (ou menor...rs), me
adapto as mudanças que acontecem em meu corpo sem me deixar abater. Lembranças
do passado me povoam a mente? Lembro delas com carinho e revivo aquelas que me
fizeram feliz. A grana está curta? Reclamo sempre, mas continuo trabalhando e
vou seguindo até que as coisas se ajeitem. Sofro com alguma situação? Essa é
fácil: poetizo! Escrevo para amenizar as dores e esvaziar-me do fel.
Enfim, a matemática está aí para quem quiser fazer dela um
estilo de vida. Não há como fugir da contagem do tempo e de outras medidas da
vida. O que sabemos e que ele passa e passa rápido demais. Não dá para negar a
importância e a influência da matemática na nossa trajetória, mas que não
deixemos escapar de nós a capacidade do encanto. Que sejamos capazes de medir o
tamanho da nossa emoção e dos nossos sentimentos. Que possamos nos lembrar
daquilo que fez palpitar o coração. Que o olhar seja tão importante quanto o
peso. Que hajam suspiros, canções e poemas para nos fazer sorrir. E quando essa
contagem terminar, tenhamos a certeza de que aproveitamos bem cada respirar.
Não quero apenas recordar quantos dias se passaram, quero é saber quantas vezes
parei no tempo para lembrar das sensações que fizeram ser quem sou.
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