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28 julho 2015

Preciosas


Era hora do almoço. Coloquei a marmita para esquentar. Mas o ambiente estava rodeado mesmo de alimentos para a alma. Fui até a estante e sem escolher demais peguei um dos livros. Na correria dos minutos apressados, fui folheando e lendo aquela curta história a que tanto me identifiquei. Nela havia um lugar sem palavras e sendo assim a comunicação era feita por outros sentidos e demonstrações. Para se poder pronunciar algo a alguém, seria preciso pagar por elas. Palavras caras, mas desejadas. Quando se encontrava uma delas perdida por aí, eram guardadas a sete chaves, por longos períodos a fim de se presentear alguém especial em momentos sublimes. Isso muito me comoveu.
As palavras, tão raras e preciosas tocavam profundamente quem as recebiam. Nem eram essas apropriadas para o momento, de nada tinham em sintonia com os sentimentos que gostariam de oferecer, mas de tão raras tornavam-se únicas.
A sensação de ter vivido nesse mundo silencioso fez com que a emoção na leitura tomasse conta de mim. Guardei palavras. Por tanto tempo ficaram presas. Hoje voam livres e encontram o destino certeiro. Talvez não toque o coração das pessoas que me são caras e nem sejam apropriadas, assim como na história que li, mas foram caçadas e guardadas para esse momento tão especial.
São preciosas, assim como o sentimento que as fizeram permanecer em mim, mas hoje são distribuídas, embaladas para presente, com laço de fita colorida e as mais belas das intenções. Pousaram em terreno seguro, foram absorvidas pela essência poética, nas minúcias que ainda restaram nesse silêncio sem fim.

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